Quem vê a Avenida Paulista hoje em dia, repleta de torres de vidro e concreto, nem imagina o quão diferente já foi a via no passado. Até meados do século 20, a Paulista era um dos caminhos mais elegantes de São Paulo, com dezenas de palacetes de arquitetura majestosa e sofisticada.
Os imóveis pertenciam a famílias da elite paulistana, que construíam verdadeiras obras de arte para servir de moradia. Com a modernização da cidade, porém, muitos dos palacetes foram ao chão — alguns, inclusive, a mando dos próprios donos. Conheça-os a seguir!

Palacetes em São Paulo: como eram as construções demolidas na Avenida Paulista?
Casa mourisca de D. Josephina Lotaif
Construído em 1896, o palacete chamava atenção pela sua arquitetura singular, com belíssimas torres e arabescos inspirados na cultura árabe. Ele sobreviveu até 1982, quando o boato de um possível tombamento chegou aos ouvidos da dona, Josephina Lotaif.
Sua família contratou uma empresa para demolir o edifício durante a madrugada, o mais rápido o possível, antes que a polícia chegasse. Os Lotaif, então, venderam o terreno para empreendimentos modernos. Por muitos anos o local abrigou um estacionamento, até que construíram ali o edifício comercial que temos atualmente.
📍 Avenida Paulista, 867

Palacete das famílias Elias Calfat e José Tomaselli
Os palacetes eram vizinhos na Avenida Paulista, servindo de lar para as famílias Calfat e Tomaselli, de origem árabe e italiana, respectivamente. Ambos foram ao chão para dar lugar à sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que reforçou a vocação empresarial da nova Paulista.
📍 Avenida Paulista, 542/548

Palacete de Assad Abdalla
Com fachada elegante e grandiosa, o palacete foi vendido e demolido nos anos 1980, e sua história caiu no esquecimento com o crescimento acelerado da Avenida Paulista. O endereço, que fica ao lado do MASP, abriga hoje o Edifício Paulista Corporate — que não lembra em nada a pomposa arquitetura de seu antecessor.
📍 Avenida Paulista, 1636

Casa da família Moritz Rothschild
Em 1910, um belo casarão se ergueu no cruzamento da Paulista com a Rua Consolação, de propriedade do alemão Moritz Rothschild. A família morou lá até os anos 1980, quando o imóvel foi ao chão para dar lugar a um estacionamento. Pouco depois, o terreno sofreu desapropriação para obras do metrô, recebendo por fim a estação Consolação.
📍 Avenida Paulista, 2455

Palacete da família Nagib Salem
Por fim, trazemos um dos palacetes mais elegantes (e caros) de São Paulo. O casarão da família Salem foi erguido em 1920 e era na época um exemplo de requinte. Seus grandes salões recebiam festas com autoridades políticas e celebridades, sendo um ponto de encontro da elite paulistana.
Mas infelizmente, o palacete durou poucos anos na Avenida Paulista. Em 1970, após a morte de Nagib Salem, a família decidiu vender o imóvel para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), que construiria ali seu edifício-sede. A proposta inicial era erguer o prédio na parte de trás do terreno, preservando assim o casarão.
A família Salem e a direção da FIESP foram às autoridades pedir pelo tombamento do palacete, que reconheciam como um ícone da arquitetura de São Paulo. O pedido, porém, foi negado. Então a bela construção acabou sendo demolida, dando lugar ao famoso edifício piramidal da avenida.
📍 Avenida Paulista, 1313
