Parece difícil acreditar que até a década de 1980 ainda havia 31 casarões no endereço.
Os modernos arranha-céus são a essência da famosa Avenida Paulista, um ícone paulistano e um dos pontos turísticos mais característicos da capital. Mas há poucas décadas, a região ainda era repleta de casas remanescentes do início do século 20. Na época, a mais paulistanas de todas as vias foi a escolha dos chamados barões do café, os grandes empresários e os chefes das indústrias, que construíram elegantes mansões pela avenida.
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Apesar de já ter sido o endereço da elite paulistana, hoje em dia, restam pouquíssimos exemplares de casarões – sendo que apenas três são tomabados como patrimônio histórico da Cidade de São Paulo. O número poderia ser outro, mas em 1982, alguns dos casarões foram destruídos pelos próprios donos. Isso porque o então presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat), o arquiteto Ruy Ohtake, confirmou que corria um projeto de tombamento dos 31 casarões que ainda existiam na avenida. Como na altura, os donos dos imóveis não eram indenizados, estes decidiram demolir as próprias casas para que não ficassem “presos” aos imóveis.
Conheça os três casarões tombados que resistiram ao tempo e seguem como uma pequena amostra da história da capital paulista.
Casa das Rosas
O projeto da mansão remonta ao início dos anos 1930, pelas mãos do arquiteto Felisberto Ranzini. Ele trabalhava para o renomado escritório de Ramos de Azevedo, que tinha em seu rol de projetos a Pinacoteca do Estado, o Mercadão e o Theatro Municipal.
A construção foi concluída em 1935, com arquitetura predominantemente inspirada no estilo clássico francês. Ao todo, tinha 30 cômodos, quadras, pomar e jardins, onde cultivavam belíssimas rosas (daí o nome dado posteriormente ao casarão).
Onde: Avenida Paulista, 37 – Bela Vista
Palacete Joaquim Franco de Melo
Erguido em 1905, foi um dos primeiros casarões a ocupar a Avenida Paulista em sua era residencial, e o único que ainda está de pé. De arquitetura eclética, a construção serviu de residência para o coronel Joaquim Franco de Mello, sua esposa e filhos.
O imóvel, ampliado com o tempo, contém 35 cômodos internos, que incluíam a “sala dourada”, usada apenas na ocasião de visitas ilustres. O restante do terreno de 4720m² possui extensa área verde particular.
O tombamento do casarão, em 1992, gerou briga judicial entre o Governo do Estado e a família Franco de Mello. Finalmente, em 2019 ficou definido que a Secretaria Estadual da Cultura assumiria o espaço, que passará por reformas para abrigar um espaço cultural interativo.
Onde: Avenida Paulista, 1919 – Bela Vista