Bairro foi erguido com a chegada de lituanos, russos e outros imigrantes europeus após a Primeira Guerra Mundial.
Não tem como falar de São Paulo e não citar as inúmeras chegadas de imigrantes ao longo dos anos. Hoje conheceremos mais da Vila Zelina, considerada por muitos como o “leste europeu paulistano”.
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Histórico
Localizado no distrito da Vila Prudente, o bairro começou a tomar forma em 1927. Na época, o proprietário da maior parte das terras que formam o território era Cláudio Monteiro Soares Filho. Eventualmente, ele decidiu lotear o espaço para vendas a fim de trazer novos moradores à região. Porém, por não ser de muito papo, acabou contratando um imigrante recém-chegado ao Brasil para fazer as vezes de corretor. Ele, poliglota, se instalou em um pequeno escritório no que viria a ser o Largo da Vila Zelina, em um prédio onde hoje funciona o restaurante Santa Coxinha.
A partir daí, contratos começaram a ser fechados na região, que até então se chamava Baixos do Embaúba. Em sua maioria, os imigrantes que ali chegavam estavam fugindo das consequências da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Bolchevique. Do mesmo modo, a partir de 1940, foi registrado um novo movimento imigratório de russos e lituanos. Desta vez, os novos moradores deixaram o Velho Continente motivados pelo domínio soviético de suas terras natais.
Além de pessoas originárias da Lituânia e da Rússia, o bairro ainda recebeu poloneses, húngaros, búlgaros, ucranianos, croatas, romenos e tchecos. Com a região cada vez mais povoada, surgiu um novo nome: Vila Zelina. O batismo foi feito em homenagem a Zelina, herdeira de Monteiro Soares Filho.
Fincando raízes
Com a comunidade europeia tomando forma no bairro, rapidamente surgiu a demanda de lugares para os imigrantes exercitarem a espiritualidade. Como resultado, foram erguidas a Igreja Batista Boas Novas, da comunidade russa, e a Igreja São José de Vila Zelina, comandada por lituanos. A construção de ambas ocorreu entre meados das décadas de 1920 e de 1930.
Mantendo a memória viva
Descendentes de europeus que ainda vivem na Vila Zelina têm a constante preocupação de não deixar tradicionais costumes de lado. A Igreja São José de Vila Zelina, por exemplo, ainda celebra missas no idioma lituano. Em época de Copa do Mundo, descendentes se reúnem nos bares da região para torcerem pelos países de onde seus pais e avós vieram. Seja em festas, ritos, monumentos ou em simples reuniões, a ideia é manter viva a cultura dos antepassados.
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Foto de capa: Núcleo Editorial/Flickr