Em oito décadas, região transformou-se de pasto a um dos bairros mais completos da Zona Leste.
Você já esteve em São Mateus? O bairro que mais parece uma cidade tem de tudo um pouco: comércio, indústria, serviços diversos e, desde 2019, até mesmo uma estação do monotrilho. Difícil imaginar que, há 80 anos, tudo aquilo ali era mato. Abaixo, conheça a história de um dos bairros mais famosos da ZL.
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De início, uma fazenda
Assim como vários outros bairros da cidade, São Mateus também nasceu de uma enorme fazenda, desta vez propriedade de João Francisco Rocha. Os pastos dali serviam para criação de cavalos, carneiros e bois.
Em 1946, o dono vende parte das terras à Família Bei, que dá início à fazenda São Mateus. Alguns anos depois, Mateo Bei, o patriarca da família, decide lotear o local e começar a vender os pedaços de terra aos vários interessados que apareceram.
Para comemorar a formação de uma nova comunidade, um bispo foi convidado a rezar uma missa na região. Convicto de que o bairro se tornaria uma grande metrópole, Salvador Bei o batizou de “Cidade São Mateus”, também homenageando seu pai com o nome.
Aos poucos, o número de moradores foi crescendo e novas casas foram construídas. De acordo com relatos, os Bei até mesmo ajudavam os recém-chegados com doações de tijolos e telhas.
Dificuldade de locomoção
No início, como não havia empregos no bairro, os moradores precisavam se deslocar (com muita dificuldade) até outros bairros. O trajeto era feito pela Jardineira do Manoel, único meio de transporte a levar quem precisasse até o Largo do Carrão.
A situação mudou um pouco em 1950, quando dois ônibus passaram a fazer o itinerário até a avenida João XXIII, em percurso longo e esburacado. Finalmente, em 1952, a primeira linha de ônibus coletivo chegou ao bairro, indo em direção à Avenida Sapopemba.
A voz do povo…
Insatisfeitos com o pouco que o bairro oferecia, moradores de São Mateus se organizaram na década de 1950 para clamar por melhorias. Eles pediam escolas, iluminação pública, delegacias, agência dos Correios, implantação de asfalto e redes de água e de esgoto.
As demandas foram atendidas conforme o tempo passava. A escola, por exemplo, nasceu em 1955, quando a Secretaria da Educação e Cultura construiu e destinou um galpão de madeira para o ensino das crianças.