Origem do aglomerado de casinhas está ligada à construção da Estação da Luz.
Quem costuma andar pelo centro de São Paulo já deve ter topado com a simpática Vila dos Ingleses. Já centenário, o belo conjunto de casas desempenhou papel importante no crescimento da cidade. Para entender essa história tintim por tintim, é necessário um breve contexto histórico:
São Paulo começou a crescer exponencialmente entre a virada do século XIX para XX. Já conhecida como Metrópole do Café, a cidade teve o número de habitantes octuplicado em apenas 30 anos: de 69 mil em 1890 para 579 mil em 1920.
Assim, a capital paulista começou a atrair investimentos tanto do governo local quanto de investidores de fora. E é neste contexto que a Vila dos Ingleses é encomendada e construída, durante os anos de 1915 a 1919.
O local, que antes pertencia à Marquesa de Itu, fora doado em 1913 para a sobrinha-neta da nobre, Eliza de Aguiar D’Andrada. Ela era esposa de Eduardo de Aguiar D’Andrada, então diretor técnico da São Paulo Railway Company, que decidiu transformar a área em uma vila residencial.
Assim, os 28 sobradinhos vitorianos passaram a servir de moradia para os engenheiros ingleses que trabalhavam na construção da Estação da Luz. O projeto teve assinatura de Germano Bresser e supervisão de Eduardo Aguiar D’Andrada.
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Declínio
Com o tempo, os profissionais estrangeiros foram se mudando para outros bairros da cidade ou voltando para a Inglaterra. Assim, entre 1929 e 1944, a Vila dos Ingleses passou a abrigar famílias das classes média e alta.
O cenário mudou em 1945, quando a aparição de lojas atacadistas acabou por desvalorizar o local. Com o tempo, hotéis, pensões e até uma rodoviária contribuíram para que as famílias ricas debandassem dali. Assim, os casebres da vila começaram a sofrer processo de degradação.
Reestruturação e proteção
A virada veio somente nos anos 1980. Com o fechamento da rodoviária e uma Pinacoteca reformada na região, houve esperança de que o bairro fosse revalorizado. Eventualmente, a vila foi transformada em ponto comercial por Pierre Moreau, bisneto dos D’Andrada e herdeiro da área.
Hoje em dia, as simpáticas casinhas da Vila dos Ingleses abrigam diversos tipos de negócios, principalmente escritórios de arquitetura e design.
Onde: Rua Mauá, 836 – Centro Histórico de São Paulo