A vila operária mais charmosa da cidade foi construída para abrigar os funcionários de uma grande companhia de tecelagem da época; conheça a sua história.
A Vila Maria Zélia, localizada no Belenzinho, começou a ser construída em 1912 pelo médico e industrial Jorge Street. Sua intenção era abrigar 2500 funcionários que trabalhavam na filial da tecelagem Cia Nacional de Tecidos da Juta.
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A vila foi inaugurada cinco anos depois, em 1917. O arquiteto responsável Paul Pedraurrieux foi acompanhado de perto por Jorge Street que não queria que nada saísse do plano original. Graças a sua determinação tudo foi feito como o planejado.
A festa de inauguração da vila foi um verdadeiro acontecimento para a São Paulo da época e reuniu grandes nomes da política e empresários da época.
Como uma cidade em miniatura, a Vila Maria Zélia contava com uma capela, escolas para meninos e meninas – que, na época, estudavam separados -, ambulatório, farmácia, quadra esportiva, coreto e outras comodidades comuns nos condomínios de hoje. Mas que num tempo onde os operários viviam em cortiços, eram um luxo.
Em 1924, Jorge Street decidiu vender a vila e a fábrica. Tudo foi comprado pela família Scarpa que ao tomar posse da vila imediatamente optou por mudar o nome do local, que passou então a ser conhecido como Vila Scarpa. Em 1929, com a crise financeira que assolou o mundo e o Brasil, o Grupo Guinle toma posse do local e reestabelece, tão logo assume a propriedade, o nome original Vila Maria Zélia.
Na década de 1930, porém, a vila e a fábrica são confiscadas pelo governo federal – através do INSS – e o espaço se torna público. A venda dos imóveis residenciais foi liberada em 1968, mas os endereços comerciais permaneceram bloqueados e em ruínas e, apenas em 1992, a vila é tombada.
O abandono dos prédios foi, de certa forma, “benéfico” já que foram os únicos a manter o que sobrou da arquitetura original do espaço. Atualmente, os únicos imóveis não residenciais ocupados são a capela e a antiga farmácia, que se tornou sede do Grupo XIX de teatro.
Iniciativas culturais e de preservação, como a Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia, fundada em 1981; e a companhia de teatro Grupo XIX, são algumas das iniciativas culturais e de preservação que estão ativas na região para salvar o que sobrou da memória operária dali.
Hoje em dia, o espaço já serviu de cenário para filmes, curta-metragens e videoclipes. Além de disso, em datas comemorativas da cidade, recebe eventos artísticos e festas juninas, etc.
Já conhecia a Vila Maria Zélia? Se ainda não teve a oportunidade de visitá-la, anote a dica para quando pudermos voltar a sair.
SOBRE O NOME
@Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia
Apesar de ser uma vila bastante conhecida e presente na memória da cidade, nem todos sabem quem é a Maria Zélia que é agraciada com o nome do local. Nascida em março de 1899, a bela jovem Maria Zélia Street era filha de Jorge Street. Ela faleceu em 12 de setembro de 1915, quando a vila ainda estava sendo construída. Ao perder a filha tão jovem o empresário decidiu colocar o nome dela na vila como forma de homenagem.
Foto de capa: @Wikipedia