Conversamos com Madhava Lila, a alma por trás do restaurante queridinho dos paulistanos.
É impossível escrever sobre o restaurante Gopala sem falar sobre a Madhava Lila. Nascida no interior de São Paulo, ainda na juventude veio para São Paulo para viver em um templo Hare Krishna. Foi nesta fase que aprendeu a culinária lactovegetariana e aquilo que hoje é chamado de “comida afetiva”.
Isso foi sendo chamado de “comida afetiva”, mas pra mim sempre teve uma ligação com a devoção. Isso porque, já fazia parte desta filosofia de vida que eu sigo desde que era adolescente, que é a filosofia da consciência de Krishna. Eu simplesmente trouxe esses conhecimentos, essa referência da consciência de Krishna, para o alimento.
Em 1995, a Madhava resolveu abrir o Gopala em uma galeria da Rua Augusta. Com o sucesso e a necessidade de mais espaço, o restaurante mudou para o endereço conhecido até hoje, na Rua Antônio Carlos.
+ 6 restaurantes vegetarianos e veganos para não sentir falta de carne
A decisão de investir no negócio sem nenhuma formação veio de um amigo que conhecia a sua comida e sempre a incentivava a abrir um restaurante.
Ele me empurrou tanto que eu fui para esse caminho e vi que não era um bicho de sete cabeças, que era um bicho mega-amigo, gostoso de fazer. E eu fui seguindo essa fluidez da vida. Não vou te dizer que tenho uma formação, que fiz administração de empresas ou que sou uma chefe de cozinha. Eu fui simplesmente seguindo a fluidez das portas que foram se abrindo para mim.
O resultado é o Gopala, que, como a própria Madhava afirma, caminha com a mesma fluidez que ela nestes 25 anos de história.
Alimento e espiritualidade
Como a Madhava segue a filosofia Hare Krishna, tudo o que ela cozinha é oferecido a Krishna. Isso significa que tudo o que é cozinhado, antes de chegar à mesa do cliente, passa pelo altar que ela tem na cozinha do Gopala.
Como ela explica, o alimento continua intacto. Uma panela de dahl de grão de bico, continua sendo a mesma.
Só que dentro dessa filosofia, nesse momento ele se tornou um alimento espiritualizado e espiritualizante.
Por isso, se você já comeu no restaurante e saiu de lá com uma sensação de acolhimento, pode ter certeza que havia intenção por trás daquela refeição.
Essa é a mistura do Brasil com a Índia
Nestes 25 anos de trajetória como dona do Gopala, Madhava viajou várias vezes à Índia. A cada região que conheceu, aprendeu sobre a culinária tradicional e touxe para o cardápio.
A culinária que eu mais gosto é a do Rajastão, que usa muito grão, muita lentilha, grão de bico, ervilha. Eu não consigo fazer exatamente o que eu aprendi lá porque a gente não tem tantos ingredientes in natura como lá, então eu tive que dar uma adaptada por conta disso.
Como uma verdadeira alquimista dos alimentos, a chefe adaptou os sabores indianos com um toque brasileiro. Isso porque era preciso não só levar em conta os produtos que tinha à disposição, mas também o paladar do consumidor daqui, que é bastante diferente.
O que eu mantive foram alguns aspectos da construção de um prato que na Índia é chamado de thali, que é uma refeição completa. Então o thali chega em um tipo de assadeira de bolo redonda, com oito ou dez potinhos, com vários alimentos. Então você tem que comer aquilo tudo ou pelo menos um pouco de cada coisa porque ele traz a combinação equilibrada em termos de nutrição.
O que o Gopala fez foi transformar essa estrutura do thali em um PF (prato feito) do jeito que o paulistano gosta. No cardápio diário, a sua versão reduzida do thali leva arroz, dahl, dois legumes, uma fritura, uma suco e uma sobremesa chamada santosh – um docinho pequeno e muito doce que dá à pessoa aquela sensação de satisfação ao fim.
+ São Paulo gastronômica: pratos do mundo num mesmo lugar
Prato do dia
A cada dia da semana, o Gopala oferece duas opções de prato. A primeira segue fiel à estrutura do thali, com arroz dahl e acompanhamentos; a segunda costumava ser uma oferta para pessoas que tinham menos simpatia pelo mundo vegetal. Então, no começo, lasanha, macarrão e coisas desse tipo ficavam no segundo prato.
Hoje em dia, a Madhava conta que não há tanta diferença entre os pratos. A não ser na mudança de estação, já que a cozinha varia de acordo com a disponibilidade dos ingredientes.
“Eu gosto de usar pouquíssimos alimentos industrializados, então um dia posso servir arroz dahl e baião de dois com os mesmos acompanhamentos. Então, hoje em dia, não tem tanta diferença, a não ser nos dias que sirvo lasanha, que é bem diferente da primeira opção. Além disso, no verão tento colocar coisas mais leves e legumes que consigo encontrar na época.”
Planos futuros
Por conta da localização, custo-benefício e ótima comida, o público do Gopala não é exclusivamente vegetariano. Quem escolhe o endereço, o faz porque gosta da comida que encontra lá, não porque quer comer algo vegetariano.
O preço fixo do menu convida novos clientes que logo se tornam fiéis. É por isso mesmo que a expansão da marca para novos endereços já faz parte dos planos. O objetivo é inaugurar duas unidades até o ano que vem está cada vez mais perto. Isso porque a marca fechou contrato com um novo espaço na Rua da Harmonia, na Vila Madalena, e pretende começar a atender via delivery a partir do próximo mês e inaugurar a nova unidade do restaurante até o fim de 2021.
Para levar essa “comida afetiva” ao máximo de pessoas possíveis, hoje, o Gopala já oferece o serviço de delivery e take away. Para consultar a área de entrega e taxas, entre em contato por teleone: (11) 3289-1911 e (11) 98304-8082.
Onde: Rua Antônio Carlos, 413 – Consolação
+ 5 restaurantes para comer gastando pouco em SP
Foto de capa: Divulgação/Gopala