Talvez você tenha ouvido falar ou até já se deparou com o imóvel, que chama a atenção no meio de São Paulo.
Quem passa pela agitada Avenida Faria Lima quase não vê, mas perto dali, na Rua Amauri, está a famosa Casa Bola. Famosa na década de 1970 pela inovação do seu criador, hoje em dia, ficou escondida na paisagem urbana de São Paulo. Ainda assim, o projeto do arquiteto Eduardo Longo se tornou um símbolo da criatividade espalhada pela capital paulista.
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A ideia surgiu a partir da ideia de Longo de que as Casas Bola, seriam um sucesso ao unir sustentabilidade e arquitetura. O conceito dos prédios de apartamentos-bola, e o conjunto de casas bola não passaram dos primeiros esboços, porém o modelo da esfera permaneceu. Isso porque em 1979 ficou pronta, na Rua Amauri, a famosa Casa Bola. O edifício, que era pra ser uma maquete, se tornou a residência do arquiteto.
Durante cinco anos, Longo trabalhou na construção da casa, que fica sobre o seu escritório de arquitetura. Quase tudo na residência de 8 metros de diâmetro e 100 m² foi projetado por ele. A ideia era apresentar o protótipo desse apartamento compacto, porém, luxoso.
Por fora, é uma bola prateada, tão simples quanto qualquer bola. Por dentro, é completamente bege e todas as bordas são arredondadas, o que, segundo Longo, foi escolhido para dar uma impressão de infinitude, ampliando o espaço. No topo da bola, há uma sala de estar e de TV super iluminada por conta da claraboia e janelas. E uma das surpresas que a casa reserva é o tobogã que existe no porão, que seria usado como mais uma saída.
Os projetos de Eduardo Longo foram marcantes e transgressores. O arquiteto ousou sem perder a simplicidade e a busca pelas formas. Em mais de 50 anos de trabalho, teve a oportunidade de concretizar cerca de 40 obras, entre projetos tradicionais e não-convencionais.
Os seus projetos das casas bola, infelizmente, nunca foram para frente por falta de investidores que acreditassem na ideia. Ele acreditava que o empreendimento seria um sucesso, pois o mundo evoluiria para um desapego. Na época, foi considerado utópico; e talvez ainda hoje o fosse, já que pretendia gastar menos matéria-prima, diminuindo o desperdício. O que, em uma cidade como São Paulo, é visto como uma consciência que foge à regra, se pararmos para pensar.
Ainda assim, temos a sorte de poder admirar a sua obra mais marcante e reconhecer que São Paulo é o que é por causa dos criativos paulistanos. Confira o vídeo do canal Habitar em um tour pela Casa Bola.
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Foto de capa: Reprodução/Acervo Eduardo Longo