Hoje renomeado como Praça da Bandeira, o prédio ainda carrega os fantasmas do incêndio de 1974.
Sempre presente em listas e em programas sobre as maiores tragédias da história do Brasil, o Edifício Praça da Bandeira detém uma das histórias mais macabras de São Paulo. Lembrado até hoje pelo seu primeiro nome, Edifício Joelma, o lugar nasceu como prédio comercial e ficou conhecido internacionalmente após ser atingido por um grande incêndio.
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As obras para erguer o prédio começaram em 1969. De acordo com um dos diretores da construtora Joelma S/A, o edifício tinha um dos mais modernos sistemas anti-incêndio da época.
O projeto previa que o subsolo e o térreo seriam destinados a arquivar registros e documentos, enquanto o espaço entre o primeiro e o 10º andar funcionariam como estacionamentos. Do 11º até o 25º piso ficariam os escritórios, divididos nas torres Norte (virada para a Avenida Nove de Julho) e Sul (com face para a Rua Santo Antônio).
Após três anos de obras, o Edifício Joelma foi finalmente entregue em 1972. O espaço foi rapidamente alugado pelo Banco Crefisul de Investimentos, que ainda fazia a transferência de seus departamentos quando ocorreu o fatídico incêndio.
Incêndio no Joelma
Às 8h54 do dia 1º de fevereiro de 1974, menos de dois anos após sua inauguração, o Joelma foi tomado por um incêndio. O fogo começou depois de um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no 12º andar.
Os escritórios do prédio eram cheios de divisórias, com móveis de madeira, pisos de carpete, cortinas de tecido e forros de fibra sintética, o que contribuiu para que as chamas se alastrassem rapidamente por outros pavimentos.
Sem escadas de emergência, a estrutura contava apenas com uma única escadaria central, que rapidamente se encheu de fumaça. Algumas pessoas conseguiram fugir pelos elevadores, até estes pararem de funcionar. Em um deles, treze pessoas acabaram carbonizadas. O grupo, que nunca pôde ser identificado, ficou conhecido como as Treze Almas do Edifício Joelma.
Com os elevadores quebrando rapidamente e a impossibilidade de usar a escadaria, muitas pessoas subiram para o topo do prédio na esperança do resgate. Helicópteros até chegaram a sobrevoar o local, mas não conseguiram pousar propriamente porque o edifício não possuía heliponto.
Os bombeiros conseguiram controlar o fogo por volta das onze da manhã, e às 13h30 todos os sobreviventes já haviam sido resgatados. Dos mais de 750 ocupantes do prédio, 191 morreram e outros 300 ficaram feridos.
Após julgamento, cinco pessoas acabaram condenadas pelo incêndio, incluindo o proprietário da empresa Termoclima, responsável pela manutenção elétrica do Joelma. As penas variaram de dois a três anos de prisão.
Restauro e nova vida
Depois do incêndio, o prédio ficou interditado por quatro anos para restauração. A reinauguração aconteceu em setembro de 1978, com destaque para os novos padrões de segurança. Chamado de “Novo Joelma” à época, acabou rebatizado nos anos 2000 como Edifício Praça da Bandeira.
Onde: Avenida Nove de Julho, 225 – Bela Vista