
A Torre de Pisa, na Itália, intriga turistas de todo o mundo pela sua curiosa inclinação. Mas você não precisa ir até a Europa para conhecer esse fenômeno, pois temos um muito parecido aqui perto de São Paulo. Você sabe qual é? Estamos falando dos prédios tortos de Santos, que já se tornaram praticamente uma atração turística da cidade.
Os edifícios já foram até assunto viral na internet, pois muitas pessoas que não conhecem Santos pensavam se tratar de uma fake news. Mas é real! Segundo a prefeitura local, 319 edifícios santistas estão nessas condições atualmente, sendo que 65 deles estão na orla da praia, uma das regiões mais nobres da cidade.
O mais curioso é que, apesar de tudo, há pessoas morando por lá. “Mas os edifícios não têm risco de cair?”, você deve estar se perguntando. Confira essa e outras curiosidades a seguir!
Por que alguns prédios de Santos são tortos?
A maior parte dos “edifícios tortos” foi erguida nas décadas de 1940 a 1960, durante um boom imobiliário em Santos. Naquela época, os engenheiros não tinham grandes conhecimentos sobre o solo local — algo crucial na hora de erguer um edifício.
Assim, as construções receberam fundações (estruturas abaixo da terra que distribuem o peso do edifício para o solo, garantindo sua estabilidade) muito mais rasas do que deveriam. As estruturas tinham poucos metros e chegavam só até uma camada superficial de areia, o que inicialmente parecia uma boa ideia.
O que a engenharia da época não sabia, é que abaixo da areia havia uma camada de argila mole, que começou a se movimentar com o peso de tantos prédios. Assim, o solo começou a ceder de forma desuniforme, causando um fenômeno chamado de “recalque desigual”.

Os edifícios inclinados de Santos têm risco de cair?
Em casos mais severos, o recalque desigual causa uma inclinação tão grande que pode fazer um edifício desabar. Mas isso não é regra: a Torre de Pisa, por exemplo, “balança mais não cai” há mais de 800 anos.
A prefeitura de Santos avalia as condições de seus prédios tortos frequentemente, averiguando se o grau de inclinação “estacionou” ou está aumentando com o tempo. Isso porque a inclinação em si não oferece riscos, mas se tornaria perigosa caso aumentasse rapidamente, desestabilizando o edifício.
Atualmente, os prédios tortos de Santos apresentam inclinações de 1,5 a 2,5 graus, o que gera uma diferença de 0,8 a 1,8 metro entre a base e o topo. Os casos mais severos estão na faixa de areia, mas a prefeitura assegura que nenhum deles estão em risco de cair. Ou seja, ao visitar Santos, fique tranquilo: pode admirar esse fenômeno curioso de pertinho.
Como é morar nos prédios tortos de Santos?
Há cerca de 2800 apartamentos nestes peculiares edifícios de Santos. Apesar de não oferecer riscos, alguns contam com desníveis de quase 1 metro, o que dificulta a vida dos locais. Camas e cadeiras precisam de calços, portas precisam de trava, e a reforma para nivelar o piso pode sair bastante salgada.
Também há registros de moradores cujos visitantes sofreram vertigem ao visitá-los, pois não estavam acostumados com o desnível. Além disso, os “imóveis tortos” podem podem custar até 40% menos, mesmo em áreas nobres.
É possível consertar um prédio torto?
A resposta é: sim! Alguns prédios de Santos passaram por processos minunciosos para corrigir sua inclinação. Um edifício chamado Núncio Malzoni, por exemplo, passou por uma grande reforma que envolveu macacos hidráulicos e fundações mais profundas, que conseguiram dar a estabilização necessária para o edifício. Assim, ele finalmente ficou “se endireitou”.
Mas essa é uma obra bastante cara, custando nada mais, nada menos do que R$ 1,5 milhão. E o valor fica por conta do condomínio, de forma que precisa ser dividido entre os próprios moradores: no Núncio Malzoni, cada apartamento precisou desembolsar cerca de R$ 90 mil.
Apesar dos problemas no dia a dia e a desvalorização, nem todos os moradores dos “imóveis tortos” têm condições de bancar a correção. Assim, os prédios tortos de Santos seguem sendo uma realidade, atraindo curiosos de todo o estado para conferir esse curioso fenômeno da engenharia civil.