Em breve, o público poderá conferir novamente uma inovadora adaptação da tragédia ‘Rei Lear’, de William Shakespeare. Isso porque, nesta releitura moderna, a Companhia Extemporânea resolveu unir a dramaturgia clássica à vibrante arte drag queen.
O espetáculo, que teve ingressos esgotados no Sesc Consolação, ficará em cartaz de 05 a 29 de setembro no Teatro Alfredo Mesquita. E o melhor, de forma gratuita!
Rei Lear e a arte drag em foco
Esta adaptação de ‘Rei Lear’ pela Cia. Extemporânea é uma celebração da arte drag queen, trazendo em cena renomadas queens como Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores e Xaniqua Laquisha. Dirigido por Ines Bushatsky e com adaptação do dramaturgo João Mostazo, o espetáculo promete uma fusão entre a estética drag e a poesia trágica de Shakespeare.
O espetáculo não apenas mantém a essência trágica da obra shakespeariana, mas também destaca a autenticidade da arte drag. Afinal, essas performances são conhecidas por sua capacidade de dissolver fronteiras estéticas e desafiar papéis de gênero tradicionais.
“A drag total” é o termo usado pela diretora para a abordagem, que transita entre o cômico e o trágico, o performático e o teatral, muitas vezes dentro de uma mesma cena.
Mercedez Vulcão observa que a arte drag sempre esteve presente no teatro, mas foi marginalizada por motivos religiosos e patriarcais.
Por isso a importância de colocá-la no centro de um palco como este, protagonizando uma obra de Shakespeare. Parece, mas não é uma novidade. É na verdade o resgate de espaços que há muito já nos pertenceram”.
Com figurinos de Salomé Abdala e visagismo de Malonna e Polly, o espetáculo imagina um mundo drag queen onde todos os conflitos são modulados por essa estética. Na peça, Lear é retratado como uma “mama drag” cujas filhas disputam o poder, destacando a interseção entre a tragédia shakespeariana e a arte drag.
Além disso, a montagem utiliza elementos tradicionais da cultura drag, como o lipsync, para intensificar a dramaticidade da peça. A loucura de Lear, por exemplo, é expressa através de uma performance típica de boate, sublinhando a perda de identidade da drag. Essa abordagem evidencia a complexidade emocional de Shakespeare e a capacidade drag de acessar essas emoções.
Ou seja, essa adaptação de ‘Rei Lear’ promete ser uma experiência única, celebrando a diversidade do teatro clássico e da cultura drag.
A história
Se você não conhece a obra de Shakespeare o resumo é o seguinte: Lear, rei da Bretanha, decide dividir o reino entre as suas três filhas, Cordelia, Regan e Goneril. Porém, Cordelia se recusa a participar do ritual de passagem da coroa, e o rei, furioso, a condena ao exílio. O exílio de Cordelia põe em marcha a completa desagregação do reino. Sem coroa, traído pelas filhas e vendo seu reino à beira da guerra, Lear afunda em uma espiral de loucura.